Educação

Dia de retomar as aulas nas federais

Mais de 22 mil estudantes são aguardados na UFPel, IFSul e CAVG a partir desta segunda-feira

Jô Folha -

Mais de 22 mil alunos retomam as atividades, nesta segunda-feira (6) e nesta terça, na Universidade Federal de Pelotas (UFPel), no Instituto Federal Sul-rio-grandense (IFSul) e no Campus Visconde da Graça (CAVG-IFSul).

Os estudantes voltam à sala de aula, depois de um período marcado por mobilizações: ocupações estudantis, greve de servidores e amplo repúdio a medidas defendidas pelo governo Michel Temer (PMDB). E não há um calendário único estabelecido às três instituições. Em alguns casos ainda depende, inclusive, de debate da comunidade acadêmica. É uma discussão que tende a ser acompanhada por dúvidas.

Ao encerrarem as paralisações em dezembro - após o governo aprovar a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) do Teto de Gastos -, professores e técnico-administrativos adiantaram em assembleias gerais que as manifestações não se encerrariam.

As categorias se mantêm atentas às costuras de Temer para fazer passar, ainda neste primeiro semestre, as reformas trabalhista e da Previdência pela Câmara dos Deputados e pelo Senado. Propostas encaradas como afronta a direitos históricos conquistados pelos trabalhadores brasileiros.

O momento, entretanto, ainda é de ânimo. E até de comemorações. Na UFPel, as matrículas de aprovados no Sistema de Seleção Unificada (Sisu) permanecem abertas até esta terça, com direito à recepção tanto na Rodoviária quanto em frente ao prédio recentemente alugado na rua Almirante Barroso - o antigo Campus II da UCPel -, onde moradores da Casa do Estudante encarregam-se de orientações aos calouros.

"Estou muito contente que os veteranos também vieram nos recepcionar. Embora eu seja de Pelotas e já cursava História, às vezes, a gente chega meio perdido. Essa integração, essa união, são muito legais", festeja a bixo da Escola Superior de Educação Física (Esef), Sílvia Macedo, 20.

Compasso de espera
Os 3.106 novos alunos ainda terão de aguardar. O primeiro semestre acadêmico de 2017 só começará em 24 de abril. E, claro, trará jovens de diferentes regiões do Brasil a Pelotas. É o caso do paulista Jorge Furtado de Souza Neto, 22, de Itaquaquecetuba, que passava a desbravar o solo gaúcho na tarde de sexta-feira. "Sempre ouvi falar muito bem do Sul. Também tive boas referências da Faculdade de Direito e resolvi vir", contou, entusiasmado em conhecer a Pelotas de diferentes matizes culturais.

Olhar especial aos cotistas
Uma estrutura especial é dirigida à matrícula dos cotistas da UFPel. Pela primeira vez, quem foi aprovado pelas cotas sociais preenche formulário on-line e deixa a versão em papel para trás, o que facilitará quando os estudantes forem requerer benefícios a moradia, alimentação e também para transporte, em que os dados poderão ser aproveitados. As entrevistas com assistentes sociais, para análise das condições socioeconômicas e evitar fraudes, já estão ocorrendo.

Os alunos que ingressaram pelas cotas raciais também passam por entrevistas e verificação de origem e constituição fenotípica. É o papel desempenhado pela Comissão de Controle na Identificação do Componente Étnico-Racial, composta por 18 integrantes; representantes de alunos, servidores e indicados pelos Movimentos Sociais e pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) - ressalta o pró-reitor de Assuntos Estudantis, Mário de Azevedo Júnior. Um esforço para garantir lisura ao processo, principalmente após a denúncia que resultou no desligamento de 24 acadêmicos de Medicina, acusados de cometerem fraude ao se autodeclarar negros ou pardos.


O retorno nas outras duas instituições (QUADRO)
- IFSul: cerca de 4,8 mil alunos - entre cursos técnicos, superiores e de pós-graduação - voltam a movimentar o Campus Pelotas a partir de hoje. Nas próximas semanas, estudantes, servidores e direção definem, juntos, os detalhes do calendário. A estimativa, entretanto, é de que o primeiro semestre de 2017 comece só na primeira quinzena de julho - afirma o diretor de Ensino, Endrigo Pereira Lima.
Em 16 de outubro, quando os alunos deram início à ocupação do prédio, apenas nove dias de aula tinham sido ministrados. A mobilização estudantil foi apenas o primeiro passo de um processo longo, reforçado pela greve de professores e de técnico-administrativos. Ao todo, foram 59 dias corridos longe da sala de aula.
- CAVG: a segunda-feira será de planejamento e de reuniões de capacitação aos servidores. Os 1,1 mil alunos iniciam as atividades apenas amanhã, mas os 90 internos são recepcionados desde ontem; em torno de 35 são novos estudantes. E, o inusitado: o ano civil é o de 2017, mas o calendário letivo que começa hoje é o de 2016. Era o que estava programado para 31 de outubro, quando deflagrada a greve por tempo indeterminado.
"Por enquanto, continuaremos tratando como início do ano letivo de 2016. Para fazer qualquer alteração, precisaríamos ouvir o Conselho Superior, que é o nosso órgão máximo", explica o diretor de Ensino, Amauri Costa. É um panorama acumulado pelas últimas quatro greves, em que o total de dias parados no CAVG chegou a 283: 70 dias em 2011; 87 em 2012; 70 em 2014 e 56 dias no ano passado.
Com o cenário desenhado até este momento, as atividades irão se prolongar até 7 de julho. O segundo semestre letivo de 2016 está previsto para ocorrer entre 24 de julho e 20 de dezembro.

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